O Silmarillion reúne novelas e contos que explicam e definem as origens de Arda (a Terra Média), mais precisamente a criação, a primeira e segunda eras e o comecinho da terceira. Seguindo uma lógica narrativa, seria uma espécie de abre alas para a saga de O Senhor dos Anéis (essa toda ambientada na terceira era de Arda), embora as histórias que o compõem tenham sido escritas, abandonadas, retomadas e reescritas pelo autor em diversas ocasiões diferentes no decorrer dos anos.
Iniciado por volta de 1925, como um conjunto de esboços dentro do projeto maior de J.R.R.Tolkien de criar uma mitologia nova a partir de antigas tradições, só virou livro na década de 70, quando Christopher Tolkien, filho do autor, reuniu e, – na medida da necessidade para criar uma narrativa coesa – remodelou (editou, mais precisamente) alguns dos textos do pai, tornando as partes dispersas em um todo com sentido e encadeamento. Há quem reclame das interferências do herdeiro na obra de Tolkien. Prefiro acreditar que as pistas para a publicação póstuma de muitas obras, o próprio pai deixou nos cadernos e outros rascunhos a lápis que antes de ser artigo raro disputado pelo mercado editorial, constituem-se em um fascinante acervo que demonstra o processo criativo de um gênio.